segunda-feira, 5 de novembro de 2018

O SENHOR DO AMANHECER



O ano de 2017 foi o ano do galo no zodíaco chinês, sendo a única ave do calendário chinês. Como um dos doze animais no zodíaco chinês, o galo tem características gerais de trabalho duro, boa sorte e virtude. Em chinês, "sorte" e "galo" têm a mesma pronúncia: Ji.

Na China é dito que o galo representa a sabedoria (por causa de sua crista que lembra uma coroa), a bravura (sua ousadia em lutas), a bondade (devido à sua natureza social de compartilhar comida) e a fé (pois ele canta toda manhã com chuva ou com sol). 



Despertar ao som do galo é um privilégio que sempre poderemos usufruir, e em algum lugar, por todo o mundo, há neste momento, um galo acordando um ser humano.  Provavelmente não há outra ave que esteja tão ligada ao ser humano como o galo.
Para os 7,5 bilhões de pessoas no mundo, existe mais de 12 bilhões de frangos, o que torna a espécie Gallus gallus a ave mais abundante do mundo. Mas eles são muito mais do que alimento: estão ligados de maneira biológica, cultural e espiritual ao ser humano por cerca de 7000 anos.


E se você estiver pensando "é apenas um frango", por estar habituado à sua presença desde a infância, é hora de pensar melhor sobre o galo. Além de fonte de carne e ovos, essas aves de aparência extravagante nunca causam estranheza ou parecem fora de lugar em uma fazenda ou mesmo em uma casa.
Imagine que a 7.000 anos atrás, um de nossos antepassados ​​estava caminhando através de uma região florestada da Ásia. De repente, um sussurro na folharada e ele vê pernas providas de grossas garras passarem correndo através da vegetação em busca de alimento.


Imaginando que o nosso antepassado tivesse visto Jurassic Park, compará-los-ia com as pernas ágeis e cortantes de um velociraptor. Mas quando ele olhou para cima viu as penas da cor do sol, uma magnífica crista vermelha carnuda no macho, e os grandes e fortes músculos do peito. A experiência de ter visto o galo-vermelho-da-floresta pode ter sido significativa para a longa relação que se iniciava.


A partir daquele dia, o Gallus gallus, que está intimamente relacionado aos faisões na família Phasianidae, foi domesticado, hibridizado e integrado na cultura humana como a ave que conhecemos hoje. Da Ásia eles se espalharam para o oeste e para o leste através dos tempos, associando-se a cada comunidade humana. O galo-selvagem passou a ser apreciado mais do que apenas por sua carne, mas originalmente para a recreação (brigas de galo) e companhia. Também foi e ainda é utilizado para prever o futuro, através da alectoromancia, que é a arte da adivinhação usando um galo que vai comendo os grãos de milho que são colocados sobre letras, formando palavras! Além disso, sua plumagem impressionante também tem sido usada para ornamentação.
É fácil perceber como esta ave veio a ser associada com bondade na vida. E sem o chamado do galo que acorda a humanidade ao amanhecer, talvez, nossa espécie tivesse sido muito menos produtiva.
Em algumas culturas "ocidentais", esta ave comum é um sinônimo de "tímido", e para os carnívoros humanos sua carne é percebida como algo "inferior" (mesmo para alguns observadores de aves, galos e galinhas não despertam interesse algum!).
A verdade nua e crua, entretanto é que essas aves são uma fonte confiável e preciosa de proteína de boa qualidade para bilhões de pessoas, e olhando sobre a perspectiva das mudanças climáticas, produzir carne de frango é muito menos prejudicial ao meio ambiente do que produzir carne bovina.
Apesar de tudo existe a preocupação em preservar a forma selvagem da ave mais numerosa do planeta. Se pensarmos bem o frango domesticado, tecnicamente é um híbrido do galo-vermelho-das-florestas (Gallus gallus) e de outras espécies asiáticas de galos selvagens, e através da reprodução seletiva não tem mais quase nada do ágil e elegante estilo arbóreo de seus parentes mais selvagens. Admite-se que as pernas amarelas do frango doméstico são originadas do galo-cinzento (Gallus sonneratii). Veja a postagem sobre os galos selvagens em:


Não podemos esquecer que um dia os galos selvagens foram a fonte do material genético para a indústria avícola moderna. Veja a postagem sobre a trajetória do frango-de-corte em:



Para a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN – Red Data Book), o frango domesticado constitui efetivamente uma espécie introduzida em todo o mundo e, por conseguinte, não cumpre os critérios de avaliação necessários para a lista. Mas tanto o galo-vermelho-das-florestas como as outras três espécies de galos selvagens estão listados como LC (pouco preocupante). Estes galos selvagens ainda vivem em florestas asiáticas, mas são tão numerosos que não existe preocupação com seu status de conservação. Entretanto há temores de que as galinhas domesticadas criadas soltas estejam se misturando com as aves selvagens nas bordas da floresta e podem um dia misturar os genes das diferentes espécies. Leia sobre o galo-vermelho-das-florestas em:


Para saber mais leia a reportagem de Shaun Hurrell (em inglês) no site do Bird Life International.

galpão de frangos

Red jungle fowl

Canto de diversas raças