As
arapongas são aves passeriformes da família Cotingidae, restritas às Américas
Central e do Sul. São conhecidas quatro espécies, das quais três ocorrem no
Brasil. São aves grandes com envergadura variável de 30 a 35 cm e comprimento
total entre 25 e 30 cm, com peso médio em torno de 200 gramas. As fêmeas são
menores e mais leves. A cor predominante nos machos é a branca, enquanto as
fêmeas são crípticas, de coloração verde oliva e amarelada.
Embora seja
conhecida na língua inglesa como “Bellbird”, a voz dos machos lembra mais o som
produzido pelo martelo batendo na bigorna do ferreiro, do que o som de sinos,
principalmente na espécie do sudeste. No Brasil também são chamados de ferreiro
e ferrador. A voz do araponga-da-Amazônia é a que lembra mais um som de sino.
Somente
os machos vocalizam. As fêmeas são silenciosas e furtivas, como convém a quem
precisa cuidar da prole em um mundo cheio de predadores.
Existe
uma lenda recontada pelo visconde de Taunay a respeito de uma disputa vocal
entre a araponga e a onça.
A onça
desafiou a araponga para testarem quem tinha a voz mais forte. A araponga
topou. A onça subiu na mesma árvore onde estava a araponga e soltou um esturro
tão medonho que a bicharia sumiu e a floresta ficou em silêncio. A araponga
começou então a limar suavemente seu “rein, rein, rein...”. A onça ouvindo o
suave som riu e debochou: - Então é isso? A araponga continuou limando “rein,
rein, rein...”, e de repente soltou sua poderosa martelada “pem, pem, pem...”.
A onça levou um susto tão grande que caiu da árvore. Envergonhada e com o rabo
entre as pernas, saiu de fininho. Assim contam os índios.
São aves
robustas que ocorrem tanto nas terras baixas, frequentando inclusive as
restingas, como nas montanhas. São mais facilmente ouvidas do que avistadas.
Possuem um
bico fraco, largo e fendido de forma que a comissura chega até embaixo dos
olhos. As narinas são ovais e expostas. As asas são compridas e as remiges são
largas com as pontas acuminadas. O dedo médio tem a falange basal quase
inteiramente unida ao dedo externo. Podem apresentar carúnculas eréteis
(lembram a do peru) na base do bico.
São frutívoras
engolidoras. Conseguem engolir frutos grandes como juçara e açaí e
posteriormente regurgitam as sementes sem danificá-las, funcionando, portanto
como bons dispersores.
Chave
artificial para as espécies do gênero Procnias
A. Plumagem
inteiramente branca
a. Garganta
não emplumada - Procnias nudicollis
b. Garganta
com plumas
i. Carúncula
erétil na fronte - Procnias albus albus
ii. No leste
do Pará – Procnias albus wallacei
B. Plumagem
não totalmente branca
a. Cabeça
marrom e plumagem cinzenta – Procnias averano carnobarba
b. Cabeça
marrom e asas pretas - Procnias averano
averano
c. Cabeça,
pescoço e peito brancos, com asas, dorso e abdômen marrom - Procnias tricarunculatus
Sistemática
Ordem: Passeriformes
Família: Cotingidae
Subfamília: Cotinginae
Araponga-da-Amazônia
Procnias albus
- Procnias a. albus – Sudeste da Venezuela até as Guianas e leste da Amazônia brasileira
- Procnias a. wallacei – Norte do Brasil (Leste do Pará)
httpsneotropical.birds.cornell.eduSpecies-Accountnbspecieswhibel2overview
Araponga-do-Nordeste
Procnias averano
- Procnias a. averano – Nordeste do Brasil, do Maranhão e Piauí até Pernambuco e Alagoas.
- Procnias a. carnobarba - Trinidad, Norte da Venezuela e Guiana Inglesa, e região adjacente do Brasil (Roraima).
httpsneotropical.birds.cornell.eduSpecies-Accountnbspeciesbeabel1overview
Araponga-do-Sudeste
Procnias nudicollis
- Procnias n. nudicollis - Pernambuco, sul da Bahia, Minas Gerais até o Rio Grande do Sul, sul de Mato Grosso do Sul e regiões vizinhas da Argentina e Paraguai.