A SURURINA-DA-SERRA
A sururina-da-serra é um inhambu descoberto recentemente na Amazônia, no Parque Nacional da Serra do Divisor, no oeste do Acre, Brasil.
Foi exatamente um canto diferente que levou o Biólogo Fernando Igor de Godoy a percorrer um caminho que o levou ao descobrimento de Tinamus resonans, a Sururina-da-serra.
No mundo da Ornitologia a descoberta de novas espécies não é muito comum. Geralmente acontece quando um pesquisador está estudando alguma espécie ou gênero, e manuseando as peles nas coleções dos museus tem sua atenção voltada para um detalhe estranho em uma das peles, e percebe que aquela ave não é exatamente a mesma representada naquela coleção. Começa a investigar mais detalhadamente e chega à conclusão que se trata de uma subespécie ou mesmo uma espécie nova, ou seja, que ainda não foi descrita pela ciência.
Podemos usar
como exemplo, o caso do falconídeo Micrastur
mintoni, descoberto por Andrew
Whittaker em Caxiuanã no estado do Pará, em outubro de 1997. Ele estava procurando Micrastur gilvicollis, e
ouviu uma vocalização diferente daquelas conhecidas para outros Micrastur. Gravou a voz fez um playback
e conseguiu ver a ave. A partir daí começou a buscar explicações. Foi ao Museu
Paraense Emílio Goeldi, em Belém e analisou 35 espécimes atribuídos a Micrastur gilvicollis, e concluiu que os espécimes podiam ser separados em
dois tipos de plumagem distintos. 12 exemplares correspondiam a M. gilvicollis, e 23 eram idênticos às
características que observara na ave de Caxiuanã, ou seja, era outra espécie
que vinha sendo tratada como M
gilvicollis.
Com a disponibilização
das técnicas de sequenciamento, começaram a surgir novos casos semelhantes.
Entretanto no caso da sururina-da-serra, não havia registros, gravações ou peles em museus. Era algo realmente novo para ciência. Como nosso país ainda é desconhecido!
A AVE
O canto
também é peculiar, com potentes notas longas, em sequências com cerca de 50
segundos.
A gravura produzida pelo Fernando Igor compara a Sururina-da-serra com o Tururim (Crypturellus soui), o Inhambú-anhangá (C. variegatus) e o Inhambú-carijó (C. brevirostris). O Tururim também é chamado de Sururina e Canela-parda.
Para saber mais sobre o assunto consulte:
Reportagem em O ECO
Artigo ZooTaxa
https://mapress.com/zt/article/view/zootaxa.5725.2.6/57819