O
tesourão-grande (Fregata minor) é um membro da família Fregatidae,
uma família monogenérica, ou seja, que contem apenas o gênero Fregata. A família é pantropical,
ocorrendo nas regiões tropicais da África, Ásia e nas Américas.
O
tesourão que ocorre aqui em Niterói é o Fregata
magnificens, também chamado de fragata,
alcatraz e pirata-do-mar. Este último nome é devido ao seu hábito de praticar o
cleptoparasitismo, que consiste em roubar as presas de outras aves como, por
exemplo, do atobá-pardo (Sula leucogaster). Este espetáculo de perícia
na pesca e pilhagem pode ser visto nas praias oceânicas (Itaipu, Camboinhas),
especialmente quando os cardumes de pequenos peixes aproximam-se da costa.
Os
machos adultos de todas as espécies de fragatas são muito semelhantes na
aparência, com asas muito curvadas, com plumagem predominantemente preta e
longas caudas bifurcadas. Os machos apresentam um saco gular de coloração
vermelho vivo inconfundível.
As
fragatas têm a reputação de serem piratas consumados dos oceanos tropicais e
são muito agressivos em sua busca por presas capturadas por outras aves
(fragatas ou não). Embora também adote esta técnica de alimentação, a
fragata-grande utiliza mais a captura de superfície de peixes-voadores.
A
distribuição de Fregata minor abrange todas as latitudes
tropicais do Oceano Pacífico, abaixo do equador no Oceano Índico e localmente
no Atlântico Sul. A reprodução ocorre em grandes colônias, na região
neotropical, nas ilhas Galápagos e em várias ilhas da América Central.
Embora os
estudos tenham sido realizados com Fregata
minor, provavelmente o fenômeno seja
comum entre as espécies do gênero.
Os
aparelhos de rastreamento eletrônico transformaram nosso conhecimento sobre a
vida das aves no mar. O ornitólogo Michael Brooke descreveu algumas das mais
fascinantes descobertas sobre as aves marinhas no livro “Far from Land – The
Mysterious Lives of Seabirds”.
Candia-Gallardo,
Carlos & Awade, Marcelo & Boscolo, Danilo & Bugoni, Leandro.
(2010). Rastreamento de aves através de telemetria por rádio e satélite (in
Portuguese). 255-279.
As
aves marinhas sempre foram temas instigantes para os ornitólogos. Elas passam
grande parte de suas vidas percorrendo o mar aberto, ou fazendo seus ninhos e
criando filhotes em ilhas remotas longe dos olhos humanos. Porém graças às
novas tecnologias, dispositivos cada vez menores e leves podem ser colocados em
diversas espécies de aves, fornecendo novas informações sobre seus movimentos e
comportamento.
Uma
descoberta bastante interessante é a capacidade do tesourão-grande (Fregata minor) permanecer no ar em mares tropicais por uma semana ou mais,
ganhando altura utilizando as térmicas ascendentes e descendo lentamente, repetindo
o processo quase indefinidamente. Quando seus padrões de sono foram monitorados
por um eletroencefalograma através de um microchip acoplado à ave, descobriu-se
que ele é capaz de dormir enquanto está no ar, durante 42 minutos por noite. É
um período muito curto se comparado com as 12 horas de sono quando está em
terra. Além disso descobriu-se que três quartos do sono durante o voo envolve
apenas metade do cérebro de cada vez. O restante um quarto (14 minutos) do sono
envolve os dois hemisférios cerebrais simultaneamente mostrando que dormir não
é incompatível com o voo controlado.
As
vidas e atividades de aves marinhas evocam o espírito da aventura. Elas passam
grande parte de suas vidas no mar, muitas vezes bem longe da costa, e nidificam
em remotas ilhas que os humanos raramente visitam. Graças ao desenvolvimento de
dispositivos cada vez mais sofisticados e miniaturizados que podem rastrear
todos os seus movimentos e comportamentos, agora é possível observar as vidas
misteriosas dessas criaturas notáveis como
nunca antes foi possível. As técnicas adotadas começam a revelar aonde essas aves
realmente vão quando
vagam pelos mares, as táticas que
empregam para atravessar vastas extensões de oceano, as estratégias que usam
para fugir de ameaças e muito mais.
Como
é a vida marítima dos albatrozes, fragatas, trinta-réis e outros andarilhos
oceânicos? Aonde os papagaios-do-mar vão durante o inverno? A qual profundidade
os pinguins conseguem mergulhar? A que distância um albatroz consegue ver um
navio de pesca que valha a pena seguir em busca de uma boa refeição?
Os
albatrozes pagam um pesado tributo quando saguem navios de pesca para obter alimento.
Leia sobre o assunto em:
Brooke
revela que as aves marinhas não são as criaturas jogadas pelo vento que parecem
ser, e explica as inovações que estão impulsionando essa excitante área de
pesquisa, além de fornecer um novo olhar sobre as atividades das aves marinhas.
Michael
Brooke é o Curador de Ornitologia do Museu de Zoologia da Universidade, em
Cambridge. Além de diversos livros sobre as aves marinhas ele é coeditor da
Cambridge Encyclopedia of Ornithology.
Para
saber mais: