quarta-feira, 24 de outubro de 2018

O tesourão-grande dorme durante 40 minutos enquanto voa

O tesourão-grande (Fregata minor) é um membro da família Fregatidae, uma família monogenérica, ou seja, que contem apenas o gênero Fregata. A família é pantropical, ocorrendo nas regiões tropicais da África, Ásia e nas Américas.


O tesourão que ocorre aqui em Niterói é o Fregata magnificens, também chamado de fragata, alcatraz e pirata-do-mar. Este último nome é devido ao seu hábito de praticar o cleptoparasitismo, que consiste em roubar as presas de outras aves como, por exemplo, do atobá-pardo (Sula leucogaster). Este espetáculo de perícia na pesca e pilhagem pode ser visto nas praias oceânicas (Itaipu, Camboinhas), especialmente quando os cardumes de pequenos peixes aproximam-se da costa.



Os machos adultos de todas as espécies de fragatas são muito semelhantes na aparência, com asas muito curvadas, com plumagem predominantemente preta e longas caudas bifurcadas. Os machos apresentam um saco gular de coloração vermelho vivo inconfundível.
As fragatas têm a reputação de serem piratas consumados dos oceanos tropicais e são muito agressivos em sua busca por presas capturadas por outras aves (fragatas ou não). Embora também adote esta técnica de alimentação, a fragata-grande utiliza mais a captura de superfície de peixes-voadores.


A distribuição de Fregata minor abrange todas as latitudes tropicais do Oceano Pacífico, abaixo do equador no Oceano Índico e localmente no Atlântico Sul. A reprodução ocorre em grandes colônias, na região neotropical, nas ilhas Galápagos e em várias ilhas da América Central.
Embora os estudos tenham sido realizados com Fregata minor, provavelmente o fenômeno seja comum entre as espécies do gênero.

Os aparelhos de rastreamento eletrônico transformaram nosso conhecimento sobre a vida das aves no mar. O ornitólogo Michael Brooke descreveu algumas das mais fascinantes descobertas sobre as aves marinhas no livro “Far from Land – The Mysterious Lives of Seabirds”.


Candia-Gallardo, Carlos & Awade, Marcelo & Boscolo, Danilo & Bugoni, Leandro. (2010). Rastreamento de aves através de telemetria por rádio e satélite (in Portuguese). 255-279.


As aves marinhas sempre foram temas instigantes para os ornitólogos. Elas passam grande parte de suas vidas percorrendo o mar aberto, ou fazendo seus ninhos e criando filhotes em ilhas remotas longe dos olhos humanos. Porém graças às novas tecnologias, dispositivos cada vez menores e leves podem ser colocados em diversas espécies de aves, fornecendo novas informações sobre seus movimentos e comportamento.
Uma descoberta bastante interessante é a capacidade do tesourão-grande (Fregata minor) permanecer no ar em mares tropicais por uma semana ou mais, ganhando altura utilizando as térmicas ascendentes e descendo lentamente, repetindo o processo quase indefinidamente. Quando seus padrões de sono foram monitorados por um eletroencefalograma através de um microchip acoplado à ave, descobriu-se que ele é capaz de dormir enquanto está no ar, durante 42 minutos por noite. É um período muito curto se comparado com as 12 horas de sono quando está em terra. Além disso descobriu-se que três quartos do sono durante o voo envolve apenas metade do cérebro de cada vez. O restante um quarto (14 minutos) do sono envolve os dois hemisférios cerebrais simultaneamente mostrando que dormir não é incompatível com o voo controlado.
As vidas e atividades de aves marinhas evocam o espírito da aventura. Elas passam grande parte de suas vidas no mar, muitas vezes bem longe da costa, e nidificam em remotas ilhas que os humanos raramente visitam. Graças ao desenvolvimento de dispositivos cada vez mais sofisticados e miniaturizados que podem rastrear todos os seus movimentos e comportamentos, agora é possível observar as vidas misteriosas dessas criaturas notáveis ​​como nunca antes foi possível. As técnicas adotadas começam a revelar aonde essas aves realmente vão quando vagam pelos mares, as táticas que empregam para atravessar vastas extensões de oceano, as estratégias que usam para fugir de ameaças e muito mais.
Como é a vida marítima dos albatrozes, fragatas, trinta-réis e outros andarilhos oceânicos? Aonde os papagaios-do-mar vão durante o inverno? A qual profundidade os pinguins conseguem mergulhar? A que distância um albatroz consegue ver um navio de pesca que valha a pena seguir em busca de uma boa refeição?
Os albatrozes pagam um pesado tributo quando saguem navios de pesca para obter alimento. Leia sobre o assunto em:


Brooke revela que as aves marinhas não são as criaturas jogadas pelo vento que parecem ser, e explica as inovações que estão impulsionando essa excitante área de pesquisa, além de fornecer um novo olhar sobre as atividades das aves marinhas.
Michael Brooke é o Curador de Ornitologia do Museu de Zoologia da Universidade, em Cambridge. Além de diversos livros sobre as aves marinhas ele é coeditor da Cambridge Encyclopedia of Ornithology.

Para saber mais:

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