AVES PROVAVELMENTE EXTINTAS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – III
MUTUM-DO-SUDESTE
Mutum-do-sudeste
Red-billed curassow
Crax blumenbachii
Cracidae
Provavelmente extinto
Situação em outros
estados:
ES (Criticamente ameaçada);
MG (Criticamente ameaçada).
Também
conhecido como mutum-de-bico-vermelho. Endêmica da floresta atlântica do
sudeste do Brasil, o mutum-do-sudeste está entre os grandes cracídeos com maior
redução de área. Anteriormente era encontrado em floresta primária alta e úmida
do sul da Bahia ao sul do Rio de Janeiro. Entretanto a pressão de caça e a
perda significativa de habitat deixaram essa espécie restrita a apenas sete
fragmentos de floresta. Embora essas áreas florestais estejam protegidas, a
caça ilegal ainda ocorre. Acredita-se que a população selvagem não tenha mais
que 250 indivíduos. Houve a reintrodução em três áreas de Minas Gerais e em uma
área do Rio de Janeiro. O nome em língua inglesa “red-billed curassow”,
descreve com precisão esta característica da ave. A fêmea tem plumagem distinta
e inicialmente foi descrita como outra espécie.
Voz baixa,
quando forrageando, estridente quando perturbado. Geralmente visto em pares,
mas já foram registrados grupos de quatro ou mais indivíduos, provavelmente unidades
familiares.
© Lev Frid Macaulay Library ML128018261
A espécie
tem um comprimento total de 80-93 cm e pesa em média 3,5 kg. Existe dimorfismo
sexual na plumagem e tamanho, sendo os machos maiores.
No macho
adulto as penas da coroa e nuca são alongadas, com pontas recurvadas, formando
uma topete bem desenvolvido e encaracolad. Cabeça (incluindo o topete),
pescoço, costas, garupa, asas, cauda e peito preto, com brilho esverdeado. Barriga,
coberteiras inferiores e um longo tufo na base das penas tibiais, brancas. Pele
de cores vivas (cere) na base do bico, geralmente com botão e barbelas.
Leonardo Merçon /
Instituto Últimos Refúgios Macaulay Library ML62795121
Na fêmea
adulta o padrão é semelhante ao macho. O topete é preto com barras brancas
proeminentes. A plumagem é principalmente preta, como no macho, mas a barriga,
as coberteiras inferiores e os tufos nas penas da tíbia são marrom-canela ou
ocráceo, em vez de brancos. As asas são marcadas de forma variável com barras
onduladas de ruivo a castanho. Cere na base do bico, de cor opaca.
Leonardo Merçon / Instituto Últimos Refugios Macaulay Library
ML64185921
A íris é
marrom escuro no macho, ou marrom claro na fêmea. Área estreita de pele nua ao
redor dos olhos de coloração castanha arroxeada.
O bico é vermelho
com ponta preta no macho ou marrom opaco na fêmea Cere e barbela vermelha
brilhante ou laranja-vermelho no macho; cere enegrecido na fêmea.
Tarso e
dedos do pé cor de carne enegrecida no macho ou rosa alaranjada opaca na fêmea.
Crax
blumenbachii era amplamente difundido no leste do Brasil, da Bahia ao sul,
através do Espírito Santo e leste de Minas Gerais, até o Rio de Janeiro.
Atualmente, são conhecidas populações selvagens de oito reservas, no Espirito
Santo e na Bahia.
Não há
registros confirmados de aves selvagens no Rio de Janeiro desde 1963 e nenhum
em Minas Gerais desde a década de 1970, no entanto, as aves foram
reintroduzidas (2005). Um programa bem-sucedido de criação e reprodução em
cativeiro aumentou os números na natureza (2007), incluindo 28 aves libertadas
e monitoradas por radio entre agosto de 2006 e setembro de 2007 na REGUA (Reserva
Ecológica do Guapiaçu), em Cachoeiras de Macacu (RJ). Desse grupo nove aves morreram
até setembro de 2007. A população total permanece extremamente pequena.
Segundo
Roberto Azeredo, grande pesquisador e criador científico, somente o macho
constrói o ninho, usando cipós e galhos retorcidos. Outros materiais não são
utilizados pelas aves na construção do ninho. A fêmea ajuda no final da construção.
O período de reprodução é de agosto a março e varia entre as áreas geográficas.
Em cativeiro, uma fêmea põe geralmente dois ovos. Os filhotes eclodem após 28
dias e são tratados pelos pais por um período mínimo de quatro meses (Roberto
Azeredo, comunicação pessoal, IBAMA 2004).
O
mutum-de-bico-vermelho utiliza a maior parte de seu tempo ativo forrageando no
chão, mas também empoleira nas árvores para procurar alimento, descansar ou
escapar de predadores. A capacidade de voar é limitada, como em outros
cracídeos.
Os mutuns
empoleiram à noite nas árvores. Vários indivíduos costumam usar a mesma área
para empoleirar. Tipicamente, um macho adulto e uma fêmea adulta empoleiram-se
juntos, mas um macho adulto pode empoleirar-se com várias fêmeas. Entretanto
dois ou mais machos adultos não se acomodam juntos.
Os adultos
são territoriais. Os machos adultos reintroduzidos na Reserva Ecológica de
Guapiaçu ficavam em média 3 km um do outro, sugerindo que os machos respeitam
os territórios.
Segundo o
professor Helmut Sick o mutum-do-sudeste é espécie monogâmica, mas pode
tornar-se poligínica se houver um número reduzido de machos em relação à
quantidade de fêmeas disponíveis.
Vive
geralmente solitário ou aos pares. Indivíduos reintroduzidos na fazenda
Macedônia em Minas Gerais foram vistos junto com jacupemba (Penelope
superciliaris), desenvolvendo as mesmas atividades no solo.
Muitas das
aves reintroduzidas na Reserva Ecológica de Guapiaçu (REGUA), em Cachoeiras de
Macacu (RJ), foram mortas por predadores naturais, como a onça suçuarana e a
jaguatirica, e também por grandes gaviões do gênero Spizaetus (gavião-pega-macaco e gavião-pato). No início do estudo,
cães domésticos que pertenciam aos moradores das comunidades do entorno da
REGUA, mataram alguns dos mutuns reintroduzidos.
LINKS
IUCN
NEOTROPICAL BIRDS
LIVRO VERMELHO ICMBIO - AVES
REFERÊNCIAS
C. S. S. BERNARDO, H. LLOYD, F. OLMOS, L. F. CANCIAN, M. GALETTI. Using post-release monitoring data to optimize avian reintroduction
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CHRISTINE S. S. BERNARDO, HUW LLOYD, NICHOLAS BAYLY, MAURO GALETTI. Modelling
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CHRISTINE S. S. BERNARDO, NICHOLAS LOCKE. Reintroduction of red-billed
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FRANCISCO MALLET-RODRIGUES,
JOSÉ FERNANDO PACHECO. The local conservation
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southeastern Brazil. Journal of Threatened Taxa, v.7, n.9, p.7510-7537, 2015.